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domingo, 2 de abril de 2017

Cães que tiveram suas raças extintas ou desapareceram

Dados da Federação Cinológica Internacional, entidade sediada na Bélgica e fundada em 1911, da qual participam representantes de 84 países,mostram que das 339 raças de cães existentes, muitas já foram extintas ou
desapareceram. A federação é responsável por aceitar o desenvolvimento de novas raças e também por definir o padrão das já existentes.
Existem registros confirmados de 28 raças de cães extintas. São elas: bassê de Ardènnes, boullet grifon, bull and terrier, bullenbeisser, cão da Vendeia, cão pelado turco, cão polar argentino, charnaigre, cão cinza de Saint Louis, cão d’água de Saint John, cão de briga de Córdoba, cão de caça de Württemberg, cão fila de terceira, dogo cubano, griffon de Guerlain, happa chinês, hound da Normandia, hound de Saintonge, kurï, matin buffon, mastiff alpino, old english bulldog, old white english terrier, pointer de Dupuy, spaniel alpino, terrier de Paisley e vertragus.
A 28ª raça confirmada extinta é o tesem, um cão que viveu no Egito antigo (ele figura em muitos monumentos egípcios, em matilhas e na companhia de humanos). O tesem pode ter dado origem ao cão do faraó (pharaoh hound), atualmente criado em muitos países, inclusive no Brasil.



Tesem, uma das raças mais antigas que conhecemos.

A imensa maioria destas raças, no entanto, foi extinta nos últimos 200 anos. Não é possível mensurar o número total de raças de cães perdidas para a extinção no decorrer da História.
Uma curiosidade: o buldogue francês descende de buldogues ingleses. Quando nasciam filhotes muito pequenos ou adoentados, eles eram sacrificados. Levados para a França, alguns criadores se interessaram (e a raça virou moda nos salões franceses do século XIX). Em lugar da extinção, foi desenvolvida uma nova raça canina.



No centro, um old english bulldog. Ancestral do Bulldog moderno. O retrato foi pintado no século XIX.
População em risco

O terrier de Skye, uma ilha escocesa, é uma das raças de cães terriers mais antigas, conhecida pela bravura e lealdade desde a Idade Média. Em alguns retratos da família real da Escócia, eles figuram em posição de destaque.



Terrier de Skye corre risco de ser extinto.

Pois bem: o terrier de Skye é uma raça em extinção. Calcula-se que a população seja de apenas 3.500 indivíduos, na maioria residentes na Grã-Bretanha. Em 2013, nasceram apenas 17 crias da raça no Reino Unido (para manter estável a população de terriers de Skye, seria necessário que nascessem ao menos 300 filhotes).
O Skye contribuiu para a geração de uma nova raça, os terriers de Paisley. Eles foram concebidos como uma versão miniatura do Skye, criados essencialmente para companhia e apresentações caninas. Os ingleses, contudo, se desinteressaram drasticamente pelos terriers de Paisley: a raça foi extinta por falta de procura, na década de 1950.



Terriers de Paisley é uma raça extinta.
Os motivos para extinções de raças caninas



Foto de um dogo polar argentino, raça desenvolvida para atuar na base do país na Antártica.

O cão d’água de Saint John é o ancestral dos retrievers. A raça foi desenvolvida na Terra Nova (província francesa no atual Canadá), no século XVIII. Muitos exemplares foram exportados para várias partes do mundo, já que eles são excelentes companheiros de pescadores. Os indivíduos, no entanto, foram sendo reduzidos, provavelmente pela introdução da pesca comercial. Em 1970, havia apenas dois cães d’água de Saint John, ambos machos, o que determinou a extinção da raça.



Cão d’água de Saint John

 

Existem também motivos políticos. Durante a Segunda Guerra Mundial, o imperador japonês, aliado dos alemães nazistas e italianos fascistas, baixou um decreto determinando que apenas pastores alemães poderiam ser criados no arquipélago e nas suas possessões.
Mesmo a única raça desenvolvida no Japão, o akita, estava proibida. Os criadores esconderam seus filhotes, claro. Muitos deles migraram para os EUA depois da Guerra, onde desenvolveram animais muito diferentes dos seus “primos” nipônicos. Mesmo assim, a raça é hoje uma das mais vendidas do mundo.
Existem muitas fábulas sobre as raças de cães extintas. O kurï, por exemplo, foi levado das ilhas da Polinésia para a Nova Zelândia, provavelmente no século XIV. A raça, no entanto, não teria agradado os nativos: o kurï foi classificado com feio, traiçoeiro, sem respeito aos donos, teimoso e muito ruim de olfato, o que não ajudava na caça.



kurï

Atualmente, um molosso (ou molossoide) é apenas um cão de grande porte. Cães da raça molossus viajaram por quase todo o mundo no início da Era Cristã, acompanhando legionários gregos e romanos, que os admiravam pela força de ataque e pela lealdade com os donos.
Considera-se que o molossus seja um ancestral dos são-bernardos, mastiffs e outras grandes raças. A história, no entanto, não oferece registros sobre o manejo da raça, que deve ter entrado em decadência com a queda do Império Romano.



Retrato de um mastiff alpino, pintado em 1815.

É provável que o problema do cão de luta de Córdoba (Argentina) tenham sido as brigas conjugais. Pela sua bravura (agravada pelas condições do confinamento), a raça foi empregada em rinhas de todo o país, hoje proibidas. Na hora do acasalamento, no entanto, começavam as dores de cabeça: macho e fêmea se atacavam violentamente, o que impedia a cobertura.



Cão de luta de Córdoba

O talbot fez muito sucesso nas ilhas britânicas durante a baixa Idade Média, a ponto de muitas famílias da nobreza exibirem a sua figura nos brasões. A tradição afirma que a raça foi levada para a Inglaterra por William, o Conquistador, no século XI.
Era um cão totalmente, branco, considerado leal, com instintos de proteção, sendo usado muitas vezes em batalhas. Era lento, mas, graças ao seu faro, tinha presença confirmada em todas as caçadas. Os últimos registros da raça datam do século XVI, mas o talbot deixou descendentes: os beagles.

Fonte:  http://www.caesonline.com

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