O que é a malassezia em cães?
O seu cachorro tem se coçado intensamente em algumas regiões mais que o de costume.
Você o examinou, e mesmo assim, não consegue identificar o que pode estar causando isso.
Em geral, as primeiras hipóteses seriam pulgas ou alguma alergia, devido à esses sintomas.
No entanto, a coceira pode ser um sintoma de uma outra doença muito comum, a malassezia em cães, mas que possui um diagnóstico um pouco mais delicado, justamente por ter sintomas tão semelhantes aos de outras doenças de pele.
Essa doença é uma dermatite desencadeada por fungos, que normalmente não se manifestaria, pois esse fungo costuma viver de maneira comensal na pele do cachorro.
No entanto, quando a sua proliferação é exagerada, o cachorro começa a apresentar esses sintomas de coceira crônica junto a perda de pelos, descamação da pele e infecções no ouvido.
Neste artigo, vamos tentar explicar tudo sobre a malassezia, quais os seus sintomas, causas do seu desencadeamento e possíveis tratamentos.
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O que é Malassezia?
A Malasseziose é uma doença de pele causada pelo fungo Malassezia pachydermatis sp., um tipo de levedura comensal encontrada na flora tecidual dos animais, que normalmente não traz benefícios ou prejuízos para o organismo do animal.
Mas que ainda assim, pode ser responsável pela maioria das otites caninas.
As leveduras do gênero Malassezia são naturalmente integrantes da microbiota da pele e das mucosas de cães, gatos, humanos e várias outras espécies de mamíferos.
A Malassezia ovale, principal causador da caspa do couro cabeludo, por exemplo, é exclusiva da nossa espécie.
No entanto, esses microrganismos não costumam se manifestar à não ser que a proliferação esteja descontrolada.
Assim, quando esses fungos se proliferam em demasia devido a um desequilíbrio na pele, isso pode acarretar um tipo de dermatite conhecida também por Malassezia.
O problema é que além de causar otite, lesões na pele e vários tipos e desconfortos aos cães, a malassezia é considerada uma zoonose.
Isto é, pode ser transmitida ao ser humano através do contato direto com os cães infectados.
O fungo da Malassezia em cães, costuma se alojar em locais úmidos, como dentro das orelhas, e por isso quando manifestada, aparece em épocas de maior calor e umidade, como na primavera e no verão, estação em que as chuvas são mais abundantes no Brasil.
Créditos do Vídeo: Dra. Jennifer Lake (Youtube)
Causas da Malassezia em cães
Qualquer cachorro, independentemente da idade, raça ou sexo, pode sofrer de dermatite por Malassezia.
Desde que possua algumas predisposições e esteja, principalmente com o seu sistema imunológico enfraquecido para acionar a sua proliferação.
No entanto, a Malassezia costuma ter preferência por certas raças de cachorros, como: Basset Hound, Pastor Alemão, Pastor belga, Poodle, Dachshund, Chihuahua, Maltês, Cocker Spaniel (inglês e americano), Collie, Setter Inglês, Shih Tzu, Yorkshire, West Highland White Terrier, Shar pei e Bloodhound, entre outros.
Além do calor e da umidade que favorecem a sua proliferação, alguns estudos afirmam que outras doenças de pele como a Atopia (alergia cutânea crônica), a DAPP (dermatite alérgica à picada de pulgas) e a hipersensibilidade alimentar estão associadas à dermatite por Malassezia em cães.
Devido ao aumento de matéria orgânica disponível na pele (células mortas), que servem de alimento para as colônias de Malassezia.
Em resumo, as principais causas e predisposições para a Malassezia, podem ser:
- Ministração indiscriminada de medicamentos corticoides e antibióticos;
- Acúmulo de umidade na pele do animal ou dentro das orelhas por longos períodos. As raças de orelhas grandes e pendentes precisam ser enxugadas com cuidado especial;
- Desequilíbrio no sistema imunológico do cão, principalmente devido a outras doenças de pele pré existentes e doenças inflamatórias;
- Predisposição genética para contrair malassezia;
- Raças que possuem muitas dobras de pele, por isso mais suscetíveis às doenças de pele;
- Cachorros com obesidade;
- Cachorros idosos, principalmente de sistema imunológico enfraquecido;
- Cães alérgicos ou que possuam endocrinopatias (hipotireoidismo, doença de Cushing)e outras doenças que comprometam o sistema imunológico.
Sintomas de Malassezia em cães
A Malassezia em cães apresenta sintomas muito semelhantes aos sintomas de outras doenças de pele como alergias e sarna.
Por isso, pode ser facilmente confundida pelos proprietários de cães.
No entanto, o seu veterinário de confiança poderá diagnosticar corretamente o problema e indicar o melhor tratamento.
Os sintomas vão depender da localização da dermatite, mas os mais comuns são:
- Pele irritada, vermelhidão e coceira crônica;
- Perda de pelos (alopecia);
- Descamação e rachaduras na pele;
- Infecções no ouvido externo secreção amarronzada e mau cheiro;
- Caspas;
- Escurecimento e espessamento da pele;
- Aumento da oleosidade da pele exalando um mau cheiro;
- Depressão, perda de peso e falta de apetite, em casos mais severos.
A Malassezia em cães pode afetar diversas áreas do corpo.
Porém, é mais comum nas regiões: abdominal e torácica; nos ouvidos; nas patas e entre os dedos; na face, boca e focinho; na parte inferior do pescoço; na virilha; axilas; debaixo da cauda; no reto e ao redor no ânus.
É importante lembrar também que nem sempre todos esses sintomas estarão presentes, podendo o cão apresentar apenas um ou outro sintoma.
Além disso, os sinais clínicos não estão associados ao grau de infeção.
Por isso, aos primeiros sintomas, consulte o seu médico veterinário de confiança.
Malassezia em cães no ouvido
Os ouvidos dos cachorros são a área mais frequentemente afetada por estes fungos.
Isso porque a colônia normalmente já vive nessa região, devido ao calor e a umidade que ali se encontram.
A sua proliferação em excesso pelas causas já citadas acima, no entanto, acaba causando uma otite externa.
Essa otite externa é causada pela inflamação do tecido cutâneo do cachorro, levando à coceiras crônicas e muito desconforto.
Raças em que há excesso de pelos no ouvido, orelhas “caídas” (Basset hound e Cocker Spaniel), e principalmente a falta de cuidados com a limpeza devido à umidade local, ficam mais predispostas à proliferação das colônias desse fungo.
Diagnóstico da Malassezia em cães
Além do exame físico completo em consultório, o médico veterinário pode pedir exames laboratoriais para confirmar o diagnóstico e descartar outras possibilidades.
A citologia de pele ou ouvido é o mais comum para confirmar o caso de dermatite por Malassezia em cães.
Uma vez que esse fungo é natural das mucosas e da pele, o diagnóstico da doença se dá observando o aumento populacional da colônia, somado aos sintomas clínicos característicos observados no exame físico.
Normalmente, o exame de citologia é feito a partir de uma raspagem na pele ou utilizando fita adesiva transparente.
Já o exame histopatológico se faz através de biópsia da pele, a fim de constatar o crescimento tecidual (devido à multiplicação celular), hiperqueratose (aumento a produção de queratina, proteína da pele), com junto ao aspecto enrijecido típico da doença.
Caso seja detectado um elevado número destes microrganismos associados aos outros sintomas da doença e após excluir outros diagnósticos diferenciais, o veterinário determina o diagnóstico definitivo de dermatite por Malassezia em cães.
Para excluir todos os outros diagnósticos diferenciais, o veterinário fará outros exames laboratoriais e até mesmo uma dieta de eliminação, caso haja suspeita de alergias ou intolerância alimentar.
Tratamento da Malassezia em cães
Na maioria dos casos o tratamento para a malassezia em cães é eficaz, sendo o foco a redução da população fúngica.
Geralmente, envolve uma terapia medicamentosa com base no quadro clínico do animal, através de medicamentos de uso tópico.
Ou seja, shampoos anti fúngico, sabonetes, cremes e loções para aliviar a irritação, as coceiras crônicas no caso da dermatite ou medicamento de aplicação direta no conduto auditivo, em caso de otite, para reverter o caso.
Em casos mais graves e reincidentes, ou com infecção secundária, o tratamento sistêmico (por medicação via oral) pode ser necessário.
Os anti fúngicos e outros medicamentos que o médico veterinário julgar necessários ou mais adequados a casos específicos.
Como por exemplo, em casos de infecções bacterianas secundárias, muito comuns, em que um antibiótico também se faz necessário.
Em geral, o tratamento tópico é aconselhado para dermatites por Malassezia localizadas e o tratamento sistêmico para casos mais severos ou de infestações generalizadas.
No entanto, o mais importante durante o tratamento por Malassezia em cães, é tratar a origem do desequilíbrio no sistema imunológico do cachorro, que permitiu a proliferação exagerada do fungo.
Neste caso, inclui-se um suporte imunológico para estabilizar a saúde do animal.
Todas essas medidas irão ajudar a combater o desequilíbrio no sistema imunológico do cachorro e, consequentemente, impedir a proliferação de fungos.
Espera-se uma recuperação em torno de duas semanas, com melhora significativa ao tratamento.
ATENÇÃO!
É terminantemente proibido dar qualquer outro medicamento aleatório ao animal, sob o risco de causar uma intoxicação, levando ao óbito.
Não medique de forma alguma sem que o seu veterinário de confiança tenha recomendado!
Como prevenir a Malassezia em cães
O principal método de prevenção para a Malassezia é manter a higiene adequada do animal e do local em que ele vive.
Os cuidados necessários com as orelhas durante o banho, não deixando acumular água.
Também com as escovações frequentes para retirar todo o excesso de pelo e material orgânico morto (você pode conhecer a FURminator), além de sujeiras, são essenciais.
Evite também que ele entre em contato com outros animais infectados.
As visitas regulares ao veterinário a fim de avaliar o estado geral de saúde do cachorro, também evitam que ele apresente quedas de imunidade, esteja se alimentando mal ou contraia doenças parasitológicas, etc.
Mesmo assim, ainda existe a possibilidade dele contrair a doença.
Caso aconteça, tente isolá-lo de outros animais e até de pessoas para evitar transmissão.
Em seguida, leve-o o mais rápido possível ao veterinário para realizar o diagnóstico e iniciar o melhor tratamento.
Caso você tenha outros animais em casa, é preciso levá-los também ao veterinário para serem avaliados.
Sabendo que o diagnóstico da Malassezia em cães é delicado e os seus sintomas muito semelhantes a outras doenças, é importante entrar em contato com o veterinários aos primeiros sinais de infecção, alergia ou comportamento anormal.
Conclusão
Bom, chegamos ao final da matéria sobre malassezia!
Espero que você tenha entendido tudo sobre o assunto.
Apenas lembrando: não recomendamos NENHUMA solução caseira. Muitas vezes elas podem prejudicar mais do que ajudar e por seu animal em risco.
E se puder, ajude compartilhando essa matéria em suas redes sociais.
Atenção, Tutor!
Por mais bem escrita e detalhada que a matéria venha a ser, ela não substitui uma consulta ao seu veterinário de confiança.
E pior ainda, não tem INTENÇÃO ALGUMA de substituir uma consulta médica ou de indicar quais os melhores remédios, pomadas, antibióticos, etc, contra mordida de cachorro.
Correções e revisões feitas pela médica veterinária Adriana Rodrigues Fadul, CRMV/SP: 21.048
Referências externas:
- SIDRIN, J.J.C., MOREIRA, J.L.B. Fundamentos Clínicos e laboratoriais de micologia médica.
- Medvep – Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação 2012
- DIAGNÓSTICO DE Malassezia sp EM OUVIDOS DE CÃES E SUA CORRELAÇÃO CLÍNICA.
- Malassezia spp. em humanos e pequenos animais: uma abordagem teórica.
- INFECÇÕES CAUSADAS POR MALASSEZIA: NOVAS ABORDAGENS.
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